Representação da guerrilheira na literatura brasileira contemporânea: um território de disputas, repetições e apagamentos
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Propomos por meio deste artigo investigar como a personagem guerrilheira é construída na literatura contemporânea brasileira. Consciente da amplitude dessa proposta, limitamo-nos à análise de algumas memórias e romances que recebem destaque nas discussões e estudos sobre a memória dos tempos ditatoriais no Brasil. São eles: As meninas (1973), O que é isso, companheiro? (1979), O crepúsculo do macho (1980), A chave de casa (2007), Soledad no Recife (2009), Azul-Corvo (2010) e K-relato de uma busca (2011). Nesse percurso, interessa-nos identificar sob quais signos essas mulheres duplamente transgressoras – que insurgiram não somente contra os aparatos violentos da repressão, mas também imprimiram em suas vidas uma ruptura radical em relação aos valores patriarcais que as obrigavam a permanecer no âmbito doméstico – são inscritas na memória cultural brasileira.
In this article, we investigate how the female guerrilla character is constructed in Brazilian contemporary literature. Aware of the breadth of this proposal, we limit this study to the analysis of some memoirs and novels that are highlighted in discussions and studies on the memory of dictatorial times in Brazil. They are: As meninas (1973), O que é isso, companheiro? (1979), O crepúsculo do macho (1980), A chave de casa (2007), Soledad no Recife (2009), Azul-Corvo (2010) e K-relato de uma busca (2011). We are interested in identifying under which signs these doubly transgressive women - who have not only risen up against the violent apparatus of repression, but have also impressed on their lives a radical rupture in relation to the patriarchal values that forced them to remain in the domestic sphere - are inscribed in the Brazilian cultural memory.